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domingo, 12 de dezembro de 2021

ERRO DOS MÚSICOS, NACIONAL. É DE CONFUNDIR INSPIRAÇÃO E COMPETIÇÃO. (SÓ FALAMOS DE KUDURO)

                                                POR: SÓ FALAMOS DE KUDURO

                                                       REVISÃO: MANO L7



. QUANDO ALGUÉM,SE INSPIRAR EM TI, SAIBA QUE É UM MOMENTO DE SE ORGULHAR. E NÃO CRIAR BAIRREIRA NA VIDA DE UM NOVO TALENTO. A MAIOR PARTE DOS NOSSOS MÚSICOS QUANDO HÁ UM NOVO TALENTO. COMO SEU SEGUIDOR ELE, PENSA LOGO NO CONFRONTO.

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. OS RADIALISTAS, E ALGUNS TÉCNICOS DE SON, PARECE ATÉ QUE JÁ VIVEM EM SINTONIA, COM OS TAÍS MÚSICOS, ATRASAM ATUA SAÍDA NO MERCADO ARTÍSTICO.
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.PODER É IRREGULAR, HOJE CONTIGO AMANHÃ PODERÁ ESTAR COMIGO.
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.A BE KUDURO, É UM BOM CANAL, MAS PASSA CERTOS VÍDEOS & MÚSICOS DE 1 CLASSE. TUDO INDICA, QUE SÃO POSTO EM BASE DE CORRUPÇÃO. SÉRIA MELHOR SER CORRUPTO DE COISAS AGRADÁVEL.
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. PEÇO A TODOS KUDURISTAS, QUE À JÁ MAIS COESÃO E COERÊNCIA, NAS VOSSAS MÚSICAS. NÃO TENHAM SEDE DA FAMA. ALCANÇAR FAMA SE CONDIÇÕES É SOFRER SEM CONHECER A CAUSA, QUE O FAZ SOFRER.
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sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

MANO L7 - BEKUDURO (SÓ FALAMOS DE KUDURO)

 Artista: Mano L7 & Wonder AG

Título: BeKuduro

Género: Kuduro

Formato: MP3

Qualidade: 320 k

Ano de Lançamento: 2021


"FOI CAVACO SILVA QUEM INVENTOU O KUDURO E A KIZOMBA" (SÓ FALAMOS DE KUDURO)

Começo de Conversa com Kalaf Epalanga, escritor e músico

REDAÇÃO: SÓ FALAMOS DE KUDURO

REVISÃO: MANO L7

             Diz que não tem boa voz, não sabe tocar nenhum instrumento e não sabe dançar, e isso ajuda a perceber o título do romance - Também os Brancos Sabem Dançar - que é lançado hoje ao fim da tarde no Teatro São Luiz, em Lisboa. É um livro de viagens que passa por Oslo, Beirute, Rio de Janeiro e, claro, Angola e Lisboa. Ou antes, um percurso "do Cunene à linha de Sintra". É um guia da história do kuduro e outras músicas, com Cavaco Silva e o Colombo em destaque. Kalaf, escritor, nascido em Benguela em 1978, anuncia que vai aprender kizomba a sério.

           Ainda estou em choque, depois de ter lido no seu livro que o responsável pelo desenvolvimento do kuduro se chama Aníbal Cavaco Silva. Isto tem de ser explicado.

Foi quase esse o título do livro: Cavaco Silva inventou o kuduro. Depois sugeri Cavaco Silva inventou a kizomba, que é um bocadinho mais real. O Zeferino, como é um louco...

.. Zeferino Coelho, editor da Caminho?

...sim, ele queria esse título, mais do que eu, inclusive. Tenho vindo a defender a teoria de que a explosão das várias músicas africanas, principalmente a kizomba, deve-se muito às políticas do governo Cavaco Silva, com a erradicação das barracas. Embora não seja uma política dele.

FOI NO MOMENTO EM QUE ESTAVA NO GOVERNO?

            Exato. E depois o boom dos centros comerciais. Quando cheguei a Lisboa, em 1995, havia bairros de barracas e uma segregação natural. Uma pessoa junta-se com as pessoas com quem tem mais afinidade. Havia o bairro dos ciganos, o dos cabo-verdianos e havia alguns angolanos. Com o PER [Programa Especial de Realojamento] as pessoas foram viver para o mesmo bairro e até para o mesmo prédio. É óbvio que não foi pacífico sempre mas as pessoas começaram a conviver, os miúdos começaram a ir para a escola juntos. Não me canso de me espantar quando na linha de Sintra ou na linha de Cascais, quando visito as escolas secundárias, vejo todos os miúdos - brancos, negros, ciganos, às riscas - a falar crioulo, como se fosse uma segunda língua, um código deles. Esse fenómeno só se deu depois desse tipo de políticas.

E OS CENTROS COMERCIAIS, O COLOMBO?

A mão-de-obra que alimenta o Colombo sai desses bairros. Não só as pessoas convivem como depois vão trabalhar juntas. É óbvio que a dada altura não é só a vida miserável de subúrbio, também procuram a alegria, ouvir música, dançar. Todo o mundo que vive em Lisboa já viveu a experiência de estar no McDonalds e ouvir no PA um tema de kizomba. Esse tipo de coisas podem passar despercebidas mas hoje, por exemplo, a minha contabilista, uma senhora da classe média, nos seus 37 anos, branca, vai ao ginásio aprender kizomba. Acho espantoso. Eu tinha de colocar isso.

Hoje é lançado o romance Também os brancos sabem dançar [às 18h30], no S. Luiz. Está toda a gente convidada?

Toda a gente. Vai ser um lançamento especial porque decidi chamar três afrodescendentes. Podia não fazer caso desse facto mas uma das convidadas disse - são todos negros os que vão estar na mesa.

NÃO TINHA PENSADO NISSO?

            Não tinha pensado, eu escolhi por causa da experiência, pelas histórias que as pessoas têm. Vão estar lá a Cláudia Semedo, atriz, jornalista, enfim, super-mulher, a Carla Fernandes, uma jovem jornalista também que tem um projeto muito simpático e corajoso, a Rádio AfroLis online. E o maravilhoso e espantoso Nástio Mosquito, uma das pessoas que eu mais admiro nessa nova geração de angolanos que olham para o mundo sem reservas. Às vezes penso que se existissem dez nástios mosquitos a cultura angolana estaria mais adiante.

            Este livro é ao mesmo tempo de viagens - passa-se na Noruega, em Lisboa, em Beirute, em Luanda - e um guia das músicas e danças africanas.

              É duro escrever um livro desse género porque não há passado. Se tivéssemos publicado algumas teses, romances ou ensaios sobre estas músicas, seria muito mais simples escrever este romance, não teria um cunho tão didático. Se eu estivesse a escrever esse livro novamente, retirava muita informação que coloquei. Mas era necessário porque as pessoas quando olham para a minha atividade musical pensam que não há pensamento por trás dela, que o kuduro é uma coisa só...

...de mexer o corpo?

           Sim. Mas em toda a forma de arte há um saber, há segredos e há nuances que têm de ser revelados. E daí o título.

           Há ficção, ensaio e um lado autobiográfico. Aconteceu-lhe ficar preso na Noruega porque tinha perdido o passaporte?

              É totalmente verdade. Vou um pouco atrás. O livro nasceu de um desafio do [José Eduardo] Agualusa. Estávamos numa conferência que ele organizou no Rio de Janeiro e na minha mesa estávamos, eu e ele, a falar sobre kuduro. Era uma plateia de brasileiros, muitos deles negros, uma coisa que eu nunca tinha experienciado. Eu tinha tocado no Brasil mas é um país infelizmente ainda muito segregado, e a segregação não é só entre negros e brancos. O fator económico é muito pesado. Se pensarmos no preço do bilhete de um concerto na zona sul, as pessoas a irem da zona norte, pagar transportes, etc... O preço de uma entrada no Canecão é quase impossível. Eu nunca tinha tido acesso à população da zona norte, que é o Rio de Janeiro real. A zona sul é aquela coisa Rede Globo que vemos na televisão

TUDO LINDO?

              Tudo lindo, tudo limpinho. A zona norte também é limpinha, convém deixar as coisas claras, até porque o Brasil está a viver um período em que já não há espaço para nuances, aquilo é tudo concreto. E essa plateia estava muito curiosa, a fazer perguntas que me obrigaram a explicar tudo desde o princípio, quem sou, quem inventou, quem era quem naquele final dos anos 1980 e início dos 1990. Já a voltar para Lisboa, o Agualusa disse-me que eu devia escrever a biografia do kuduro. Ia dar um trabalho danado. Eu estava a escrever outro romance na altura e escrever a biografia do kuduro obrigava a voltar para Luanda, entrevistar uma data de gente, ia demorar anos e anos até terminar. Mas quando o Agualusa te lança um desafio convém pensar duas vezes. E foi o que fiz. Ainda no avião, vinha a imaginar como seria essa biografia. Sou fã do Ruy Castro, acho maravilhoso o trabalho que ele faz.

O ESCRITOR BRASILEIRO QUE É BIÓGRAFO E CRONISTA?

          É do melhor. E eu queria muito escrever um livro que se aproximasse daquele estilo, que tivesse humor, história e ação, que nos fizesse perguntar: isso é real, aconteceu? E não há ficção melhor que a realidade. Tenho alguns episódios que nos fazem imaginar se é verdade. E o primeiro que está no livro é totalmente realidade.

           E é o fio condutor do romance, a história de ser preso quando ia para um concerto em Oslo - que aconteceu, de facto, houve o concerto.

Estás a revelar bastante do livro... mas sim, o concerto aconteceu.

JÁ TINHA TIDO ESTA SENSAÇÃO DE ESTAR PRESO, E NUM PAÍS TÃO DIFERENTE?

            Ao longo do livro eu falo sempre dessa sensação de estar deslocado e de ter os movimentos condicionados. Só virei cidadão português há três anos. No grande pedaço da minha vida com os Buraka estava sempre a ter de pedir vistos para tudo e mais alguma coisa

E A PRECISAR DE IR A LUANDA PEDIR O PASSAPORTE?

           Exato. Isso sempre me fez sentir com os movimentos limitados. Brincávamos, no grupo, na altura em que iniciámos a nossa atividade, em 2006 ou 2007, porque toda a nossa geração, todos os nossos pares a viver em todas as partes do mundo estavam a mudar-se para Londres ou para Los Angeles. E para nós isso era impossível.

POR CAUSA DA NACIONALIDADE?

           Além de mim, havia mais três membros do grupo que não eram cidadãos portugueses, europeus. Isso tornava logo impossível. Se calhar não seríamos o mesmo grupo se tivéssemos mudado para Londres.

GOSTARIAM DE TER FEITO ISSO?

          Para se crescer na música que fazíamos, especificamente na música eletrónica global, era melhor viver numa cidade com mais oferta, com mais acesso, até porque a dada altura toda a nossa estrutura estava em Londres - managers, agentes, publishers, tudo o que definia a vida do grupo. Só o grupo é que não estava lá. Da mesma forma que os músicos do Porto às vezes se mudam para Lisboa à procura dessa proximidade com a ação, com o jornalista que encontras num bar do Bairro Alto a tomar uma cerveja e se entusiasma com aquela ideia de um disco que ainda é só uma ideia. Esse tipo de coisas não aconteceu para nós.

FOI TUDO CONSTRUÍDO POR VOCÊS?

            E tivemos de gastar mais dinheiro porque tínhamos de estar constantemente naqueles lugares para não perder ação, e quando terminávamos os concertos ficávamos um bocadinho mais, para perdermos essa coisa de viver na periferia.

HOJE TEM A DUPLA NACIONALIDADE E ESSAS QUESTÕES BUROCRÁTICAS ESTÃO RESOLVIDAS?

              E entretanto o grupo acabou... Eu era residente, era possível viajar, fazer coisas, mas não dava para pegar em mim, apanhar um avião e passar seis meses nos Estados Unidos.

       Enquanto estávamos à sua espera, o Ferreira Fernandes [DN] e o Fernando Alves [TSF] estiveram a explicar-me a diferença entre Benguela e Luanda. "Não podes falar com o Kalaf sem saberes isto". Qual é a diferença maior?

        Isso tem de se sentir, é quase impossível explicar. Somos todos angolanos, logo temos uma certa forma de estar que é comum a todos.

É O QUÊ?

        ´  Andamos como se caminhássemos sobre uma mina de diamantes. Parece que tudo nos é possível. É estranho, mas não conheço nenhum angolano que chegue a Oslo e não se desenvencilhe, rapidamente consegue conhecer os caminhos. Todo o angolano tem isso. Mas a diferença entre o benguelense e o luandense provavelmente vais sentir se estiver nesta cadeira um luandense. Se achas que os angolanos são arrogantes, o luandense vai sempre um pouquinho mais além. Gosto muito disso. Nós os benguelenses temos um espelho de tudo o que não podemos ser, mas ao mesmo tempo de tudo aquilo que podemos ser. É bom ter esse primo que é mais expedito, mais desenvencilhado. O luandense é isso. Mas isso também se aprende. Há muitos luandenses que não são nativos, não são camundongos, ou seja, nascidos e criados em Luanda. E camundongo significa rato.

AQUELE QUE SOBREVIVE A TUDO?

Exatamente.

E calcinha o que é?

Calcinha é o engomado, o vaidoso.

              Depois há o lado que aparece aqui no livro, a comunidade. Há um jantar de repente numa cozinha, e há o que vai bater o funge, vão chamar o do sétimo andar. Mas isto não é uma caraterística só dos angolanos, com cabo-verdianos seria idêntico.

           E há cabo-verdianos nesse grupo. É a maneira de ser e de estar africana. Eu divido o meu tempo entre Berlim e Lisboa. Em Lisboa vivo na Baixa, que já é quase um lugar estrangeiro, pela quantidade de estrangeiros que circulam por ali. E é difícil conhecermos os vizinhos. Situei essa ação nos subúrbios de Lisboa para mostrar como é que essas pessoas vivem e lidam mesmo com todas as dificuldades e têm um sentido de comunidade bem enraizado.

             Foram buscar o nome Buraka Som Sistema precisamente à Buraca, uma das raízes estava aí, e esse jantar é em Rio de Mouro. Quando começou a viver em Portugal, em 1995, passou por trabalhos nas obras?

Sim.

O QUE É QUE ESSA EXPERIÊNCIA DEIXOU? UNS CALOS NAS MÃOS QUE JÁ PASSARAM?

             Tive vários trabalhos até me fixar a trabalhar com cultura. Distribuí pizzas, trabalhei como bartender numa discoteca de kizomba, o que foi maravilhoso, e trabalhei nas obras também. Para muitos da minha geração era uma questão de sobrevivência. E saber sobreviver, aprender a sobreviver sem os pais, sem aquela baliza da família, aquele colchão que ampara tudo, é necessário, é importante. Tenho um filho de um ano e é óbvio que não ia atirar o meu filho para trabalhar nas obras. Mas é importante conhecer como as sociedades funcionam. Uma das coisas que aprendi logo na primeira semana é que o saber intelectual é pouco útil naquelas circunstâncias. Temos de aprender a lidar com as pessoas, a falar com as pessoas. Não temos de baixar o nível mas temos de saber comunicar no sentido bastante prático e direto. Não há espaço para enganos, porque pode ser fatal. Não complicar demasiado uma situação, saber aceitar embora discordes, como é que vais conseguir explicar isso, como é que mostras outra forma de ver as coisas. Sem dúvida, ter essas experiências todas ajudou-me. Eu não tenho talento nenhum para a música.

COMO?!

         É verdade. Eu não sei cantar, não sei tocar nenhum instrumento e danço muito mal, totalmente fora do tempo.

E NO ENTANTO?

         E no entanto se me puser em cima de um palco sou capaz de entreter aquela audiência. Não aprendi isso nas obras, mas saí da zona de conforto por escolha, não fui obrigado mas precisava de dinheiro e rápido, e estava com visto de estudante, não podia ir bater à porta de um centro de emprego. Não é assim que funciona, a lei de imigração é bem clara. Coloquei-me em várias situações que nunca me tinham passado pela cabeça... vir para Portugal trabalhar nas obras.

          Veio para estudar? Por aquilo que percebi, a intenção era apenas vir a Portugal.

        Nos primeiros anos, eu nem desfiz a mala. Eu não tinha intenção nenhuma de ficar.

FOI A GUERRA CIVIL QUE O FEZ FICAR?

          Fui adiando por causa da guerra civil mas a guerra acabou em 2002, já podia ter regressado. Em 1999 comecei a acreditar que era possível fazer alguma coisa com a música. No livro falo do Kalunga Lima, um personagem incrível.

 

É uma personagem real, tal como muitas pessoas aqui referidas.

              Decidi colocar o Kalunga Lima, já falecido, pela importância que teve na minha vida e também pela importância de conseguirmos identificar os mentores. Às vezes um mentor não nos vem de muito longe.

PODE SER A PESSOA MAIS PRÓXIMA?

              Exato. O Kalunga era meu cliente quando eu trabalhava num restaurante de teriyaki, e fazia comida japonesa - teriyaki, sushi. Ele ia lá comer muitas vezes e ficava horas sentado numa mesa com um bloco de notas, a escrever. Na minha pausa de almoço, sentava-me na mesa dele, ao fim de semanas e semanas já nos tratávamos por tu. Perguntei-lhe o que estava a fazer. "Estou a escrever um guião". E eu revelei: eu também escrevo. E os conselhos que ele me deu naquele momento foram vitais para aquilo que eu vim a fazer. Deixa-me explicar o Kalunga Lima primeiro. Ele é filho de um dos primeiros militares condecorados do MPLA [Manuel dos Santos Lima], que foi reitor da Universidade Lusíada em Luanda. Nasceu na Argélia, porque o pai fugiu do exército [português] e foi para lá, depois foi para o Canadá, ingressou no exército canadiano e tornou-se capitão, depois foi professor de scuba dive nas Caraíbas, depois virou professor de literatura e foi estudar cinema naquela escola maravilhosa que o García Márquez convenceu o Fidel Castro a criar em Cuba. E depois veio parar a Lisboa porque estava de passagem para Luanda, não conhecia Luanda. Nós conhecemo-nos no momento em que ele se estava a preparar para ir para Luanda porque queria filmar.

Um encontro fortuito que tem uma importância tão grande para si.

                Sim, ele era uma pessoa com cinco vidas. Eu na altura devia ter 19 ou 20 anos. Um professor de literatura com várias vidas! Incrível. Ele deu-me alguns conselhos sobre literatura que uso até hoje.

COMO É QUE O KALAF CONHECE OSLO TÃO BEM, A CENA MUSICAL DE OSLO?

            Tenho um certo fascínio pela Escandinávia, até porque é o outro extremo para uma pessoa vinda de Angola. É aquele lugar quase surreal. E a cena musical da Escandinávia é incrível. Eu cresci com as canções dos ABBA porque a minha mãe adorava. A Escandinávia sempre esteve presente na minha ideia de melodias lindíssimas. Sou fã de Björk, claro, sou fã de Röyksopp, sou fã de Kings of Convenience, são canções que eu oiço. Quando se gosta de música, gosta-se de saber o que aquela pessoa faz, de onde vem. O primeiro lugar onde fui para ver neve foi Oslo. E aí comecei a construir uma relação com aquela terra.

COMO É QUE UM ANGOLANO VIVE EM BERLIM? BERLIM NO VERÃO E LISBOA NO INVERNO?

              Gosto de todas as estações. Isso vindo de uma pessoa que nasceu numa terra onde não há estações, é só chuva e tempo seco... A dada altura, eu precisava de uma segunda cidade, precisava de ter um lugar onde pudesse ir escrever. Lisboa é essa cidade mágica e quando se vive na Baixa as pessoas sentem que estás sempre disponível, sempre pronto para ir beber um copo ao Bairro Alto. Precisava de ter um lugar onde pudesse olhar com um certo distanciamento para as coisas que eu experienciava em Lisboa, em Portugal, na minha relação com África, Angola, Moçambique, Cabo Verde. Tenho um carinho e uma vontade de escrever sobre esses lugares. Então, precisava de um lugar para onde eu pudesse sair e concentrar-me.

E BERLIM É ESSE REFÚGIO?

            Não falo a língua, não conheço ninguém. Conheço expatriados como eu, pessoas que também vêm de outros lugares e que estão lá pelas mesmas razões, para conseguirem focar-se e trabalhar.

TEM UM FERVILHAR CRIATIVO?

          Sim, eu procuro e mergulho nele, mas para procurar inspiração e estímulos, não necessariamente como interveniente, para já. Ia precisar de falar a língua para poder fazer uma troca um bocadinho mais direta.

DEPOIS DE TAMBÉM OS BRANCOS SABEM DANÇAR, VAI HAVER MAIS LIVROS?

            Sim. Desisti da música para me dedicar à escrita. Continuo a escrever canções, aliás foi esse o propósito inicial e depois vi-me em cima de um palco e gostei. O próximo romance será daqui a um ano.

SEM A NECESSIDADE DE ESTAR A EXPLICAR O KUDURO, A KIZOMBA, A HISTÓRIA? MAIS FICÇÃO?

            Só podia escrever este livro agora. Por isso decidi abandonar aquele em que estava a trabalhar e aceitar o desafio do Agualusa.

O PRÓXIMO É O QUE ESTAVA A ESCREVER NESSA ALTURA?

Sim, é um romance político.

E AÍ ENTRAMOS NO TEMA DE ANGOLA EM MUDANÇA NESTE MOMENTO. O QUE PENSA DISSO?

               Eu estou otimista, quero estar otimista. Não quero ceder ainda àquela coisa que nós temos, o ceticismo do angolano, ainda mais o ceticismo do angolano que vive fora. Estou atento, estou a ler, espero que não seja só uma troca de cadeiras, espero que não seja só o virar a cassette e tocar o mesmo. Estou otimista. O que gostaria muito, olhando até para a relação que Cabo Verde tem com a sua democracia, cada vez mais sólida, era de ouvir os nossos políticos, ouvir os seus pensamentos, os seus desejos, as suas aspirações, de uma forma diária e constante. Tenho vontade até de participar nisso, não sei como ainda.

PENSA VOLTAR A VIVER EM BENGUELA?

Totalmente.

LEVAR O SEU FILHO PARA CRESCER EM BENGUELA?

 

          Principalmente por causa disso. Eu estou muito confortável no lugar onde estou, para escrever as histórias que quero escrever, em Berlim e em Lisboa, porque Lisboa tem essa presença africana que é muito estimulante e não há igual. Mas ao mesmo tempo acho que estamos a viver, com o que está a acontecer no Zimbabué, em Moçambique...

Esteve lá agora dois meses em férias.

Dois meses já não se chama férias, já é viver.

JÁ LÁ TINHA ESTADO?

Sim, mas nunca tinha saído de Maputo e desta vez estive na ilha de Moçambique.

E ENTÃO?

               É um lugar mágico. Eu aconselho toda a gente, mesmo toda a gente, independentemente se nasceu em Oslo ou em Lisboa, a oferecer-se esse presente de viver num país africano pelo menos dois meses. Porque nos faz olhar para aquela realidade. Quando olhamos para África sob um prisma europeu, criamos aversão a algumas coisas que não são bem reais. Para se entender o porquê do que está a acontecer na Líbia, convém estar lá. O que vivemos agora em África não está assim tão longe do que vivemos há 100 ou 200 anos. É bem real. Se realmente queremos participar, intervir ou fazer uma coisa que é útil que é ir lá, ver a realidade e depois voltar para aqui e falar com propriedade sobre o assunto, convém pisar aquele terreno.

E A ILHA DE MOÇAMBIQUE EM PARTICULAR?

              Moçambique é maravilhoso mas agora estive mais tempo na ilha. Até para se entender Portugal é interessante passar por lá.

Disse que não é bom a dançar. Não imaginava que não soubesse.

              Há africanos que não sabem dançar. O título tem um pouquinho mais profundo do que a dança - embora a dança seja profunda. Danças de salão, de pares, acho lindíssimo. Eu e a minha mulher vamos inscrever-nos em aulas de kizomba porque queremos dominar o género. Depois de um livro destes eu não posso não saber dançar. Estou com muita vontade de aprender mesmo. Porque nós aprendemos naquelas festas de família, nas festas de quintal, mas ali não se aprende os passos todos, aqueles truques. Essas pegadas que estão na capado livro são um passo de kizomba.

NO LANÇAMENTO VÃO DANÇAR?

Tenho a certeza de que vão lá estar dançarinos.



INTEGRAÇÃO DA HISTÓRIA DO KUDURO NOS ESTUDOS CULTURAIS (SÓ FALAMOS DE KUDURO)

Tony Amado e Sebem são duas referências e principais impulsionadores deste género musica

REDAÇÃO: SÓ FALAMOS DE KUDURO

REVISÃO: MANO L7

              Os estudiosos da contemporaneidade musical angolana estão em condições de reunir material disperso, incluindo depoimentos de artistas e protagonistas de reconhecido mérito, sobre a história e discografia do género kuduro, visando a sua sistematização e integração no âmbito dos Estudos Culturais Angolanos, de nível universitário.

            A proposta de sistematização da história do kuduro, que pressupõe um debate alargado entre investigadores e artistas, pretende analisar e dar conhecer o estado actual deste género musical com o objectivo de encontrar consensos possíveis para a sua estabilidade periodológica, conhecer as diferentes fases do Kuduro no feminino, reflectir sobre a génese das letras das canções, aconselhar a reutilização das conquistas de Angola, ao nível da educação, saúde, construção de infra-estruturas, educação cívica, e preservação dos bens públicos nas composições musicais, numa perspectiva de associar a arte à educação patriótica.

             Pelas características estéticas, rítmica peculiar e propósitos textuais, a análise comparativa do kuduro deve ser empreendida no interior deste género musical, pelo que se nos afigura descabido, aproximar o kuduro às correntes musicais mais preocupadas com arranjos e construções elaboradas, do ponto de vista harmónico e melódico.

             Será pertinente reforçar o intercâmbio cultural e comercial entre editores, produtores e distribuidores da discografia do kuduro, transformar os depoimentos numa fonte bibliográfica de documentação e registo para a posteridade, criar um site para a divulgação da história e perfil profissional dos cantores e compositores do kuduro, que vão fazendo história.

PRÉ-HISTÓRIA

           A pesquisa sobre a origem, formação e contextualização social do kuduro passa pela investigação da sua pré-história, ou seja, o conjunto de eventos anteriores à sua formação, enquanto género musical estruturado.

              O período que vai de 1982 a 1983, há um conjunto de ocorrências fundamentais, no domínio da dança, protagonizados pelos dançarinos de break, Paulo Kumba, Elvis, João Dikson, e Pataca no terraço do prédio Hitachi, Bairro Alvalade, Cine Atlântico, campo de jogos dos Leões de Luanda, e nos ginásios das escolas, Mutuya Kevela, Ngola Kanini e Ngola Kiluanji.

 

           Teve igualmente influência na configuração actual do kuduro, enquanto dança, o movimento da cabetula, com os Originais da Cabelula, Beto Kiala e Pedruce, e o movimento da vaiola com Cifoxi e Zé Vaiola.

            Estamos numa época em que os concursos de dança nas escolas eram apresentados pelos radialistas Adão Filipe e Octávio Kapapa, da Rádio Nacional de Angola, Balduíno Carlos, Ernesto Bartolomeu e Cláudia Marília, da Televisão Pública de Angola, sendo justo incluir na análise da pré-história, os programas, Explosão e Horizonte, da Televisão Pública de Angola. Nesta época, a dança era mais importante que a música, e as primeiras batidas de Kuduro não tinham letra, fenómeno que surgiu depois com o surgimento de Tony Amado.

FORMAÇÃO

               No entanto, julgamos pertinente lembrar que estão na origem e formação do kuduro, os clássicos, Jacobino (1998) e Felicidade (1999), temas musicais gravados pela primeira vez pela Gael Music, dos empresários senegaleses Mamadu e Hamidu, com textos de tipo narrativo, bem ao estilo do Sebem, propostas musicais que fizeram do kuduro, um género musical de fácil identificação rítmica, com alguma consistência estética e forte peculiaridade sonora, aliada à inegável contribuição das coreografias “desconstrucionistas­” de Tony Amado, dois nomes que emergem, de forma automática, quando a abordagem é a origem e formação do Kuduro.

             Contudo são anteriores ao tema Jacobino as canções: “Dance, dance k’dance Van Dame” (1994) e “Ambakuduro (1994), a última captada no estúdio de João Alexandre, com participação especial de Big Nelo. Seguiram-se os temas Muadiakimi Kuduro (1995), produzido por Beto Max, Mongoloi (1997) e Feijão Duro (1997) de Caló Pascoal, dos Necaf Brothers , um dos primeiros grupos influenciados pela estética sonora e coreográfica proposta por Tony Amado. Estávamos numa época em que eram vulgares os espectáculos de kuduro e rap, promovidos pelo entusiasta Lito Capitalista.

DANÇA

               A dança, um dos suportes paradigmáticos do kuduro, embora estruturalmente vizinha do break-dance norte-americano, foi inspirada numa plasticidade coreográfica reconhecidamente angolana, procurando, de forma natural e progressiva, um acabamento musical em que a melodia e a harmonia são visivelmente relegadas para um plano secundário, sobrevalorizando-se o ritmo e a palavra inusitada.

             “Vaca Louca” e “Salsicha”, dançarinos de Tony Amado e depois de Sebem, são dois nomes de referência incontornável, que levaram ao apogeu a plástica mais arrojada da dança acrobática do kuduro.

LINGUAGEM

               Acreditamos que o kuduro vai possibilitar a compreensão, pela crítica do pós-kuduro, da dinâmica social de uma época, onde o erro gramatical, sobretudo aquele que, de forma recorrente, recai sobre a flexão e concordância verbais e os neo-logismos lexicais, serão avaliados como elementos de pertinência e avaliação estética, importa reter este aspecto, ou seja, será o compositor a ser julgado perante a “desconstrução” da sua própria circunstância linguística.

 

                Curiosamente, o recurso à norma linguística do português europeu nas composições “kuduristas”, pode retirar a identidade e estética do kuduro.

ANGOLANIZAÇÃO

                    É assim que se empreende a angolanização da batida tecno e da housemusic, um estilo musical electrónico que surgiu em meados dos anos oitenta nos EUA, mais propriamente na periferia de Detroit, com forte influência alemã, num processo que fundiu o ingrediente da rítmica do Semba, às formas entrecortadas do dizer poético, muito características do hip-hop.



VOCÊ SABE COMO SURGIU O KUDURO? SABE O QUE É? (SÓ FALAMOS DE KUDURO)

 

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REDAÇÃO: SÓ FALAMOS DE KUDURO

REVISÃO: MANO L7

           Estão na origem e formação do kuduro, os clássicos, “Jacobino” (1998), de Tony Amado, e “Felicidade” (1999), com textos narrados por Sebem, canções que fizeram do Kuduro, um género musical de fácil identificação rítmica, consistência estética e peculiaridade sonora, a que se juntaram as inegáveis contribuições das coreografias “desconstruídas” de Tony Amado, dois nomes incontornáveis na abordagem da origem e formação do Kuduro. Contudo, são anteriores a “Jacobino” e “Felicidade”, as canções: “Amba kuduro (1994), captada no estúdio de João Alexandre, com participação especial de Big Nelo, “Dance, dance k’dance Van Dame”, “Muadiakimi Kuduro” (1995), produzida por Beto Max, “Mongoloi” (1997), produção de Filipe Lobo, de Tony Amado, e “Feijão Duro” (1997) de Calô Pascoal, dos Necaf Brothers, um dos primeiros grupos influenciados pela estética sonora e coreográfica proposta igualmente por Tony Amado.

PRIMEIRO CONCERTO

             Tony Amado recorda, nostálgico e convicto, que foi a figura de cartaz no espectáculo que inaugurou oficialmente o kuduro, realizado em 1996, no campo desportivo do Club Vila Clotilde, organizado pelos radialistas: Paulo Gomes, Manuel Araújo e Sebastião Lino, apresentado por Jorge Gomes.

            À época ainda viviam-se os efeitos do encerramento das principais editoras discográficas e gravadoras angolanas, fenómeno que ocorreu com o advento da independência de Angola, um período que ficou marcado pela dispersão de muitos músicos e compositores, instaurando-se um vazio na produção da Música Popular Angolana, fase permeável à evasão da música Zouk, dos géneros cabo-verdianos, do tecno e da house music, os dois últimos géneros dos quais o kuduro herdou, fundamentalmente, a sequência dos beat’s, invadindo as pistas de dança das principais discotecas de Luanda. Mathieu e Pandemónio, foram dois espaços de dança e entretenimento, muito preferidos pelos jovens nesta altura.

                É assim que os produtores de kuduro empreendem a absorção e angolanização da batida tecno e da house music, géneros electrónicos surgidos em meados dos anos oitenta, na periferia de Detroit, EUA, com forte influência alemã, num processo que fundiu o ingrediente da rítmica do Semba, às formas entrecortadas do dizer poético, muito características do hip-hop, dando origem ao kuduro.

DANÇA

                A dança, um dos suportes paradigmáticos do Kuduro, embora estruturalmente vizinha do break-dance norte-americano, foi inspirada numa plasticidade coreográfica reconhecidamente angolana, procurando, de forma natural e progressiva, um acabamento musical em que a melodia e a harmonia são visivelmente relegadas para um plano secundário, sobrevalorizando-se o ritmo e a palavra inusitada. “Vaca Louca” e “Salsicha”, dançarinos de Tony Amado e depois de Sebem, são dois nomes de referência incontornável, que levaram ao apogeu a plástica mais arrojada da dança acrobática do kuduro.

TEMAS

           Tal como no hip-hop, a rua, e suas ocorrências do quotidiano, a crítica social e política, os comportamentos, os defeitos do adversário, designados “bifes”, ou o enaltecimento de virtudes, a auto promoção, e o uso irreverente da palavra obscena ou “obscenizada” são os temas e as estratégias recorrentes de composição do texto “kudurizado”.



quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

PRESIDENTE GASOLINA E PRÍNCIPE OURO NEGRO (KUDURISTAS) (SÓ FALAMOS DE KUDURO)

 Jeremias e Januário - Angóila na maír*

                   Foram vendedores ambulantes para ganharem a vida. Hoje, o Príncipe Ouro Negro e o Presidente Gasolina são fenómeno de popularidade entre os fãs do kuduro.
Diferentes no estilo, na forma de vestir e de falar.
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TEXTO: SÓ FALAMOS DE KUDURO

REVISÃO: Mano L7
              Dois dos mais originais da nova geração do KUDURO nasceram no Kwanza Sul e no Huambo. Nem mesmo o facto de terem nascido em diferentes províncias, teve força suficiente para separar os dois jovens rebeldes cujas as iniciais começam por "J" (Januário e Jeremias)
                  Desde muito cedo, eram apaixonados pela música e durante os tempos de escola, onde foram colegas, gostavam de ser comediantes.
Porém, nem tudo nas suas vidas vidas foi divertido. Ambos foram forçados a intorromper os estudos e andar pelas ruas da capital a vender os cupões da "Estrelinha da Felicidade" e da "Luanda da Sorte" ou a serem cobradores de candongueiro.
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Provando que as histórias que vemos nos filmes de cinema também acontecem na realidade, em poucos anos os jovens, que não dispensam os óculos escuros, Príncipe Ouro Negro (com o cabelo pintado de loiro) e Presidente Gasolina (com crista e dreadlocks) são muito populares entre os fãs de kuduro. Num dos programas, quando questionados sobre a origem dos seus nomes artísticos, revelaram que isso tinha a ver com o facto de, nos tempos da escola, gostarem de se vestir bem.
Logo os apelidos "Ouro Negro" e "Gasolina" tinham a ver com dinheiro. Há quem jure, no entanto, já ter ouvido uma explicação diferente.
A verdade é que os jovens gostam de divertir público.
Nem tudo o que dizem é para ser levado a sério.
Ambos se intitulam "Embaixadores do KUDURO na Samba". A prová-lo está o facto de quando os "Meninos Bonitos" do Municipio da Samba chegaram ao Kapolo 2 para uma entrevista ao Portal Dos KuduristasOficial
, deu-se uma verdadeira invasão. A entrevista foi frequentemente intorrompida por centenas de jovens que gritavam e puxavam os dois kuduristas em busca de autógrafos ou de um simples sorriso.
A dupla parece gostar da fama e dessas demostrações de facto por parte dos fãs.
Eles próprios não renegam as suas origens humildes. Pelo contrário têm orgulho nelas.
Tanto assim é que a dupla fala uma espécie de lingua própria, que eles denominam de "Oportugueiseir", na qual dão sonoridades diferentes à maioria das palavras Portuguesas.
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De acordo com o original modo de falar desta dupla, Angola, por exemplo, passa a se "Angoila". Os dois jovens kuduristas também não receiam partilhar excentricidades com o público. Isso faz parte do seu charme e da sua imagem de irreverência. No You Tube, por, exemplo, podemos encontrar videos em que os dois protagonistas estão a sair do contentor de lixo onde estavam deitados.
O primeiro ÁLBUM da dupla, intitulado OS DEZ MANDAMENTOS DO KUDURO, parece ter vencido e convencido os apreciadores do estilo. Há uma enorme expectativa em relação ao segundo trabalho discográfico que deverá ser apresentada ao público nos próximos meses. Até lá os músicos estão a dar espetáculos nas províncias a fim de preparar os fãs para a recepção do seu novo álbum cujo conteúdo está guardado a sete chaves.
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Sabe-se apenas que o álbum terá supresas.
Recorde-se que além de músicos são estudantes, e apresentadores.
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COMO COMEÇOU O GRUPO
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Em 2002 éramos colegas de escola, juntávamo-nos e gostávamos de atrapalhar as aulas dos professores com as nossas brincadeiras.
A intenção era apenas sermos diferentes e os mais conhecidos na sala da aula.
Quando o professor nos questionava respondíamos de forma a fazer rir os colegas. Àsvezes alguns professores eram meio chatos e nós tentávamos sabotá-los e animar a aula com o nosso humor. Nessa altura achávamos que a nossa união era mesmo divina.
Primeiro porque calhávamos sempre na mesma sala.
Depois porque a letra dos nossos primeiros nomes coincidia. Tínhamos ainda a sorte de calhar na mesma turma e até na carteira um a seguir outro. Ali mesmo foi nascendo uma relação muito forte de amizade.
Nós tínhamos um lado humorístico muito parecido.
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QUEM É O VOCALISTA PRINCIPAL DO GRUPO?
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Não existe um vocalista principal. As músicas são divididas em duas partes e cada um interpreta a sua de forma sincronizada.
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QUEM É O VOSSO PATROCINADOR?
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Também não temos um patrocinador oficial.
Há pessoas que apostam em nós como é o caso do Mister Salas.
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QUANDO É QUE SURGIU A VONTADE DE CANTAR?
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A principio a nossa ideia era fazer teatro. Só faziamos músicas em circuitos muito fechados. Só mais tarde é que nos apercebemos do nosso talento, mais ainda não sabíamos como o utilizar. Foi nessa altura que nos virámos para a música.
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COMO É QUE OS VOSSOS FAMILIARES REAGIRAM À PAIXÃO PELO KUDURO?
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O KUDURO já vem a correr nas nossas veias há muito tempo.
Sempre fomos fãs do estilo.
Ouvíamos muitas músicas do SEBEM e do TONY AMADO.
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SEMPRE TIVERAM O SONHO DE CANTAR OU ISSO FOI UM ACIDENTE DE PERCURSO?
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PRINCIPE OURO NEGRO - Eu sempre tive o sonho de cantar. Gostava muito de HIP-HOP, de SEMBA e de ROCK.
Portanto não foi um acidente de percurso. Sempre senti a a música no sangue. Mesmo no seio familiar, sempre que havia um encontro festivo, os meus tios tinham aquele vício de chamar os sobrinhos para contar uma história e eu optava sempre pela música.
Música para mi é vida. Eu sigo a música como se fosse água para beber, quando se está a morrer de sede.
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PRESIDENTE GASOLINA - Para mi a música foi um sonho. Eu tinha muito preconceito porque nem sempre. Ou melhor, nem todos os sonhos são feitos para serem realizados.
O preconceito e o medo tomavam conta de mi.
Não sabia como enfrentar a sociedade e a familia.
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DE QUE MANEIRA TENCIONAM INFLUENCIAR A SOCIEDADE, EM PARTICULAR OS JOVENS?
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SOmos jovens com objectivos bem definidos. Temos respeito e amor ao próximo. Já Terminamos a formação média em especialidade de Ciências Económicas e Juridicas, no Externato Adventista do 7° dia de Betânia. Nós estamos a batalhar desde há muito tempo para nos impormos no mercado nacional. Graças a Deus, conseguimos chegar lá.
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QUAIS FORAM AS DIFICULDADES QUE ENFRENTARAM PARA CHEGAR ATÉ AQUI?
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PRESIDENTE GASOLINA - As dificuldades foram imensas. Se fosse para mencionar todas não teríamos tempo suficiente nesta entrevista. Para começar foi preciso enfrentar a familia. Conta-se pelos dados os familiares que apostam nos filhos que seguem a carreira de músicos, porque há sempre aquele preconceito: será que ele vai conseguir conciliar a escola e a música? A minha mãe queixava-se que eu preferia cantar em vez de trabalhar.
Éramos dois irmãos, o outro estava a aprender mecânica.
Eu perdia muito tempo nos estúdios com as gravações e chegava a casa de madrugada.
Os meus familiares estavam preocupados por causa dos grupos de marginais. Eles pensavam que eu estava mergulhado nesta onda. Por causa disso fiquei dois anos sem estudar. A minha mãe decidiu não me pagar mais as propinas escolares "A partir de hoje tens que trabalhar para alimentar os teus vicios". disse. Por isso comecei a ter de vender na rua.
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PRINCIPE OURO NEGRO - As dificuldades que enfrentei também foram duras. A minha familia nunca quis aceitar-me como músico. Em geral os familiares não aceitam cantores ou desportistas.
Preferem os seus filhos sejam médicos, jornalistas ou enginheiros.
Acho que temos que aceitar os talentos divinos. Deus dá a cada um seu talento, e nós só temos que o respeitar. Um dos maiores problemas que tive foi a mudança da minha imagem e, consequentemente, da minha maneira de falar.
Tal como sucedeu com o Presidente Gasolina, também paralisaram os pagamentos das minhas propinas escolares e eu tive que vender nas ruas para sustentar as minhas necessidades. Fiquei sem estudar vários anos lectivos.
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QUANDO OS VOSSOS FAMILIARES TOMARAM CONHECIMENTO QUE ESTILO QUE CANTAVAM ERA O KUDURO QUAL FOI A REAÇÃO?
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PRESIDENTE GASOLINA - As nossas familias reagiram ainda mais negativamente quando souberam que cantávamos do KUDURO. Naquela altura estavam a formar-se muitos GANGUES e havia muitos confrontos entre os jovens.
O índice de marginalidade em Luanda era elevado. A familia pensou que também estávamos inseridos nesses grupos. Era uma época em que o KUDURO e a marginalidade estavam bem juntos. Quem cantava este estilo era tido como marginal. Graças a Deus hoje em dia estamos no auge e livres dessas bandidagens.
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PRINCIPE OURO NEGRO
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Numa das nossas músicas dizemos "em tempos passados o kuduro foi um estilo predilecto dos marginais. Temos de mudar as mentes dos nossos mais velhos". A semelhaça da mãe do Gasolina que também reagiu mal. Mas nós estávamos apostados em fazer o bem.
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MAN NELAS FT LEMOS PAUSADO - KUFWA TUNA (SÓ FALAMOS DE KUDURO)

 Artista: Man Nelas Título: Kufwa Tuna Gênero: Flocore DOWNLOAD