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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

“Eu seria o novo membro dos Lambas”, revela Mona Star (Só Falamos De Kuduro)

                O jovem produtor e kudurista que começou sozinho a sua vida artística nas ruas do Marçal, em Luanda, nos anos 2004, dois anos após a proclamação da Paz em Angola, exalta o estilo kuduro por meio das suas produções e actuações ao vivo, que considera serem donativos por não cobrar nada ao público.

              O artista traz grandes revelações sobre os momentos mais difíceis que os artistas enfrentam, os músicos que deixaram de fazer kuduro para house e explicou que o músico Nagrelha tencionava torná-lo no novo membro dos Lambas, depois da saída de Bruno King.

Por: Só Falamos De Kuduro

Revisão: Estevão Gaspar Guilherme
Sabemos que fez trabalhos com Titica. Como é actualmente a vossa relação profissional?

                Temos uma relação saudável. Não tenho nada a criticar, porque temos os nossos acordos bem feitos, o que temos de cumprir, nós cumprimos.

Ainda continua a produzir para Titica?

                 Sim, sempre. O disco actual de Titica intitulado “Pra Quê Julgar”, lançado no dia 13 de Abril, no qual se encontram três kuduros que foram meus. Ela decidiu ser uma artista versátil, para não ser uma kudurista limitada. Como uma artista, ela teve a possibilidade de fazer outros géneros de músicas e fomos ter contactos com outros colegas. Sempre temos trabalhado, mantendo sempre a nossa amizade saudável e na vertente profissional, está tudo direito.

      Quem são os teus ídolos no kuduro?

              Vamos dizer de uma maneira mais fácil, ídolos são aquelas pessoas que admiramos e gostamos de ver a cantar. Eu tenho uns, sim! Eles são: o Nareal, Batemau, Parlebau, Bruno Capitão, Mário Boleira, Mané Trocado, Pai Banana, Bruno King e Deleu King, este último está a fazer as músicas de Jéssica Pitbul. E há também o Chefe Kamone e outros. Estou a falar de pessoas que gosto de ouvir a cantar. Às vezes, as pessoas estão a espera que eu fale de Nagrelha ou Puto Prata, mas isto será noutro momento. Embora, que eu aprendesse a fazer as minhas músicas sozinho. Eu posso compor uma música em que posso falar de coisas e não preciso estar no lugar para presenciá-las.

Quando começou a fazer kuduro ou música ao vivo?

                 A música ao vivo faço como donativo – ofereço, não cobro! Eu comecei na rua em 2004 aqui, no Marçal. Todos já diziam que Mona é que é o rei. Eu ficava surpreso, porque não sabia ainda o que é cantar. Como já disse, cantei ao lado do Chefe Kamone e também vi o Caixa Baixa a nascer, até quando o Magnésio cantou “Tchiriri”, música que não era dele, mas felizmente a música “bateu” (foi um sucesso). Mas, o autor desta música é Puto Fábio, que o Magnésio o cita na música. Se naquele tempo, fosse o “ Tempo dos Bifes” já iam descobrir um bom gatuno (ladrão). Infelizmente, também não fez nada com a música (Magnésio), porque foi roubado pelo Costuleta, que vive em França. Hoje, Costuleta é um grande boss (rico) com esta múscia (“Tchiriri”), coisa da maldade, acaba na maldade! Começamos aqui (Marçal), com Paranoite, Dj Naile, que na altura ainda era rapper e só depois é que se tornou Dj e produtor; e Black Historiador, que participou num dos programas de freestyle, “Big Show Cidade”. E o Marçal é um bairro minado (de origem) para estrelas.

Depois de tudo que nos explicou sobre a sua trajectória, ou seja, sobre os artistas que produziu, por que o público não o conhece?

                   O público não me conhece? Não! Penso que você é que não me conhece profundamente. Para conhecer um artista acho que é assim: as pessoas já ouviram a música “Chão” nas suas casas? Para comer do “bom prato”, tem de ter “padrinho na cozinha”! As pessoas já dançaram muitas músicas de pessoas que não conhecem. As pessoas conhecem Dada Doi e Titica, porque os conhecem? Porque, Mona é aquele que os fez artistas. Se conheces alguém que saiu da minha costela (artista produzido por Mona Star), é porque as pessoas me conhecem. Eu digo isto, pois no mundo da música, não há transparência! Se sentares em frente de uma televisão, vires Titica num programa e fizerem-lhe uma pergunta semelhante à tua, embora ela não seja obrigada a falar de mim; mas, se lha fizerem, ela vai falar de mim. Estas são as vantagens e desvantagens do mundo em que vivemos.
O povo conhece-me, quem lhe disser que não me conhece, está a fingir. Porque, quem põe matabicho (pequeno almoço) dentro duma casa, tem honra e privilégio. Já fiz pessoas, ao acordar e ao dormir, ouvirem “Chão”.

Agora, vamos falar dos teus projectos. O que está a fazer actualmente?

         Hoje, já não estou a trabalhar directamente com Dj Devitor, onde eu era o produtor. Porque, ele (Devitor) também é que era o produtor e dono da produtora. Mas, temos uma boa relação. Tive a necessidade de criar algo meu, tenho hoje o meus artistas como Nareal, Parlebau, Batemau e a minha produtora, “Home Studio”. Temos muitos projectos, alguns deles já estão no mercado, como por exemplo, a música “Kuduro é Underground”, que está a passar no canal Be Kuduro. Sou uma pessoa de coração aberto, faço aquilo que vem na mente. Às vezes, a sorte não é só nossa. O artista que está a produzir, amanhã pode crescer mais do que tu, mas ele não vai esquecer que foste tu que o colocou no mercado. Acho que o meu forte não é cantar, é estar alí atrás (na produção) a fazer aquilo. Posteriormente, virá mais trabalhos e os planos estão a ser traçados: estou a trazer e formar mais pessoas para mundo da música.

Como avalias o estado actual do kuduro?

                    Actualmente, o kurudo está estável, se não todos nós (kuduristas) estaríamos doentes. Graça a Deus, estamos a conseguir comer do que nós fizemos! Porque, muitos como eu, só sobrevivem da música. Se não a fizéssemos, então não estaríamos de pé. O kuduro está nas mínimas possibilidades, porquanto ela não está tão estável ou saudável, como disse.

O que o leva a tecer esta afirmação?

                        Porque, houve esta invasão do afrohouse. Eu, com minha clareza e liberdade de expressão, digo que fomos invadidos e muitos kuduristas se deixaram levar por este estilo. Alguns colegas nossos, não estão a cantar kuduro. E as músicas dos kuduristas que estão a “bater” (fazerem sucessos), não são kuduros, são house.

Quais são as músicas de kuduro que consideras house?

             “Wamona”, de Puto Prata e Nagrelha; as música de Preto Show, Scró Qui Cuia, O Trio, Papá Swegue, The Twins, estes últimos ganharam o concurso na categoria “Melhor Kuduro” do Angola Music Awards 2017. Estas músicas não são Kuduro, estão mais para kuduro underground, que é um estilo de animação que o Sebem fazia, do que um kuduro de batidas, depois de inventarmos as rimas. Até Puto Prata, que foi um dos mentores do kuduro com rimas, chama estas música undergrounde como “Waatão”, de kuduro! Kuduro é aquilo que os Lambas , Puto Lilas, Os Agre, Paranoite, Vagabanda e outros faziam. Actualmente, muitos deste artistas estão optar por estilos imediatistas. Até houve os que tiveram o meu dedo (ajuda), mas não aceito fazer este estilo.

Porque tem essa opinião?

                  Não é o meu estado normal. Fazer esta música, estarei a ser injusto com o kuduro. Acho que se Sebem tivesse bem de saúde, ele poderia concordar comigo. Estes afrohouses que eles estão a fazer é que nos estão ofuscar. Está obrigar aqueles artistas, que também querem ter sucesso a qualquer custo, a começarem a fazê-lo. Por exemplo, se quiseres aparecer agora, faça uma boa animação num bit de house, que não é o habitual e até com palavras observas, é que vai tocar ou que vai dar dinheiro. Talvez não passe nos órgãos de comunicação, mas vai dar-te dinheiro. Porque, o kuduro não se faz na televisão, mas faz-se na noite (descotecas). Até pode ir a televisão, mas se a música tiver palavras obsenas e não tiveres outra música, não te vão permitir actuar. Porém, se for na rua, podes fazer o teu show. Temos exemplos de muitas músicas que para ser passada pela televisão, tiveram de ser suprimidas palavras. Também pode fazer boa música, com mensagens construtivas, mas não te vai dar dinheiro, porque estás a trazer uma boa mensagem. Infelizmente, aqui (Angola) gostam de coisas más.

A pouco falou sobre os concursos e exemplificou uma das músicas dos The Twins, como avalia os concursos musicais, relativamente à categoria de kuduro?

             Pela existência dos kuduriastas, que agora estão a cantar house, quando se vão inscrever aos concursos, dizem que as músicas são kuduro. Assim, os organizadores destes eventos não conseguem distinguir os estilos e inscrevem-nas como kuduro. As pessoas quando ouvem a lista de votação pelos órgãos de comunicação, que aquelas músicas (underground) são kuduros, votam-nas. Por isso, é que muitos artistas estão a receber os prémios de forma errada. Pois, se inscrevem na categoria de kuduro, mas não o são.
O bpm dessas músicas, se estivres numa mesa misturadora ou num programa de Áudio Mix e deixa-as no nível normal, os seus bpm seriam 128 ou 130. Ao contrário, se as puseres em 140, vais perceber que não serão as mesmas músicas. O nível de kuduro antigo é de 140. Se for 143 ou 145, que são dos actuais kuduro, estas músicas undenground nem chegariam a estes níveis.

O que gostaria de dizer e não lhe foi perguntado?

              Eu nunca fui muito bom em fazer aquilo que eu quero, por isso é que anteriormente perguntei se me vais fazer algumas perguntas. Se for para exprimir aquilo que sinto, não iremos sair daqui agora, porque há muita coisa para falar. Por exemplo, hoje os kuduristas são os mesmo que têm aparecido no shows. Quando se fala de espectáculos, existem produtoras específicas que os realizam como LS Produções ou Semba Comunicação. Num show, aprecem muitos artistas de semba ou de kizomba, mas observarás apenas dois ou três kuduristas, que normalmente são os mesmos.

Porque que diz isto?

            Porque, isto também dá certa razão na questão que me tinha colocado: “Por que o público não me conhece?”. Alguns artistas ofuscam os outros, têm este dom (de ofuscar). Há caso em que são os próprios artistas que dizem aos organizadores de ventos para excluírem os outros. E como muitos (organizadores) não conhecem os artistas, acabam por tirar o que estão a fazer sucesso dos eventos. Por exemplo, há kuduristas que são apresentadores de programas de kuduro e não exibem aqueles que fazem bom kuduro, mas põem artistas que lhes vão dar dinheiro. E mais, a caso que eles (kuduristas apresentadores) sabem que a tua música está fazer mais sucesso que a dele, não deixam estas passarem nos seus programas para não ofuscarem as suas. Aqui, é onde estamos a deixar a força do mal vencer a do bem! Eu sei que não é isto que muito queriam, mas é que tem acontecido, porque todos têm medo de perder o lugar. Na música angolana, cada dia nasce uma estrela. Por exemplo, a música de Gerilson Insrael “Minha Bêbada” que esta a fazer sucesso, está criar muitos medos aos artistas “mais velhos”. E o que eles (músicos mais) vão fazer, é convidar os jovens para cantar com eles. Porque, muitos deles (mais velhos) têm o conhecimento do mercado musical.

Quando se refere a eles, está a falar de quem?

           Estou falar de pessoas que têm a capacidade de pensar o bem. Estou a falar do jovem que é irmão de Kotingo. A sua música para mim, não tem grande mensagem, porque está a incentivar mais o negativo. A sua música é um sucesso, mas vão aparecer músicos “mais velhos” como Yuri da Cunha, Anselmo ou Matia Damásio, para convidá-lo a trabalhar como eles ou convida-lo-ão para participar nos seus espectáculos. Porque, eles sabem que o sucesso deste miúdo é imediato, que se calhar, não será um grande artista. Mas, como é que está a bater, vão convidá-lo e talvez como cartaz do evento, já que o artista vai atrair dinheiro. Onde é que estão Scró Qui Cuia ou Nerú Americano?

Na sua opinião, onde estão estes artistas?

          Estes são os artistas que surgem de “Kazola” (por sorte). Até nos Estados Unido é assim, o que está bom é o que se vai consumir de imediato. O outro exemplo, é o jovem Pé de Galo que cantou “Tó Cair com Cadeira”, quando começou “animar”, eu já ia cantar nas festas do seu bairro, na Pretangol. Quando me via, elogiava-me. Se convidares este artista para a tua actividade, o público vai aderir. Mas, já os de lá em cima (artistas mais velhos), não lhe vão convidar, já que há outros artistas como o Big Nelo ou JD, que também falam que cantam kuduro e são considerados como seus. Por isso, estão a formar projectos com cinco artistas das sua conveniências e cinco da sua produtora. Assim, quando o público vai assistir a um espectáculo, são sempre os mesmos artistas. Este apelo faço também à Media, que tem de pesquisar mais sobre os artistas, como é o caso do Portal Marimba Selutu, que de antemão agradeço. Se produtoras como LS Produções não tiver alguém que pesquisa os artistas, por exemplo, no gueto como Rangel, Sambizanga ou Petrangol, como é que criarão um plano com novos talentos?
O kuduro nasce das nossas casas, por isso que disse, no princípio da entrevista, que nós começamos a cantar nos bairros e nos grupos.

Como assim?

               Se não convencesses o teu vizinho, não serias digno de andar de cabeça erguida no bairro. Sou uma pessoa digna, quando trabalho com alguém, procuro primeiro fazer o artista, só depois é que vou pensar no dinheiro. Ser reconhecido em Angola, é o que é difícil. Com uma música, noutros países, podes tornar-se milionário. Porém, em Angola, a tua música pode fazer sucesso, mas será por volta de três meses. Se não fizeres nada enquanto está fazer sucesso, não terás algo. Nem todo mundo que se diz que canta kuduro é nosso: Puto Prata já não é nosso colega e o Nagrelha tem problemas com o Bruno King, porque cantou house. Um dia, as pessoas podem surpreender-se, se virem Puto Lilas a romper (bifar) Puto Prata. Porque, este último fez um acordo sem alicerce. Um doutorado com mestrado (Puto Prata), deveria saber fazer bem o seu plano. Porque que não vimos Puto Lilas a cantar com Bruno King, já que esta música (“Waantão”) tem 3 meses? Porque, temos de honrar as nossas palavras. Sabes o porque que te estou a dizer isto? Porque nem eu aceitei isto!

Também já foste convidado para fazeres outros estilos?

             Quando eu poderia substituir Bruno King nos Lambas, quando este saiu do grupo. Nagrelha foi à televisão, dizendo que eu seria o novo membro dos Lambas.
A primeira vez que me encontrei com Nagrelha para me dizer que eu seria o novo membro, estava com o meu irmão. Foi por acaso, ele (Nagrelha) disse-me: “Mona, amanhã iremos viajar, por isso dê-me o seu nome completo”. A única coisa simples que lhe pedi é: “Vamos assinar antes um contrato!”. Assim não aconteceu e tudo ficou por aí. Mas, o mundo estava a espera de uma música nova de Mona Star e Nagrelha. Eu não bifo ninguém, mas apenas deixo que as pessoas reconheçam o meu mérito. Porque, quando se enaltece bastante, acabas por cair. Até podes ignorar o teu irmão, quando a fama sobe-te pela cabeça, mas nunca fui pessoa deste tipo.

Quem é o Mona Star?

             Sou Euclides Afonso Sobrinho, mas a minha alcunha é Bebelucho. Porque, sou o 42º filho do meu pai, ou seja, sou o caçula. O meu pai teve várias esposas e meus irmãos mais velhos, vinham-me como um “bebe de luxo”. Sou filho de Diogo Eduardo Sobrinho e de Helena Júlio Afonso, nasci no dia 21 de Junho de 1992, actualmente tenho 28. Sou nato do Marçal e resido no Bairro Popular.


MAN NELAS FT LEMOS PAUSADO - KUFWA TUNA (SÓ FALAMOS DE KUDURO)

 Artista: Man Nelas Título: Kufwa Tuna Gênero: Flocore DOWNLOAD